A doença diverticular do cólon é uma afecção onde ocorre herniação ou protusão da mucosa do intestino grosso, em forma de saculações, através das fibras musculares, em geral onde penetram os vasos sanguíneos. Essa doença é bastante frequente em países mais desenvolvidos e pouco comum em países subdesenvolvidos da África e da Ásia. Acredita-se que esteja presente em cerca de 8% da população adulta mundial.

CLASSIFICAÇÃO

I – Forma hipertônica. Em geral ocorre em indivíduos mais jovens, abaixo dos 50 anos de idade, constipados e com baixa ingestão de líquidos e fibras na dieta, o que acarreta a formação de bolos fecais pouco volumosos, exigindo do cólon contrações hipertônicas para o deslocamento de fezes para o reto. O sigmoide é o segmento do intestino grosso mais comumente afetado.

II – Forma hipotônica. Acomete em geral pessoas acima dos 60 anos de idade, sendo decorrente da fraqueza (hipotonicidade) da parede intestinal.

III – Forma mista. Quando as duas formas acima descritas estão presentes. Ocorre geralmente em indivíduos acima dos 60 anos de idade.

QUADRO CLÍNICO

Os portadores de moléstia diverticular são em sua maioria assintomáticos, sendo que as manifestações clínicas, quando presentes, são decorrentes das características da doença.

I – Forma hipertônica. Os pacientes podem referir cólicas, desconforto abdominal e certa dificuldade para exonerações normais. Sua complicação é de ordem infecciosa, decorrente da perfuração de um divertículo, definindo a denominada diverticulite aguda. Quando o processo infeccioso se restringe basicamente à região da perfuração, ocorre a chamada diverticulite aguda não complicada; nesses casos o paciente costuma apresentar dor mais comumente em flanco esquerdo e às vezes também em hipogástrio, com nítida reação peritoneal; nem sempre ocorre febre associada. Porém, a perfuração pode levar à formação de um abscesso importante na região afetada ou, então, à peritonite generalizada, com pus ou fezes na cavidade abdominal, configurando a diverticulite aguda complicada; eventualmente esses pacientes podem obstruir ou formar fístulas para órgãos internos, como a bexiga, ou para a pele.

II – Forma hipotônica. Sua manifestação clínica é a hemorragia, que pode ser de pequena, média ou grande intensidade, neste caso podendo causar instabilidade hemodinâmica e necessitando transfusões sanguíneas. Em cerca de 70 a 75% das vezes o sangramento cessa espontaneamente.

DIAGNÓSTICO e DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

No diagnóstico da doença diverticular deve-se considerar a anamnese e o exame físico, complementados por exames laboratoriais e de imagens.

Diverticulite aguda

tomografia computadorizada do abdome e da pelve é a mais adequada modalidade de imagem quando existe a suspeita de diverticulite aguda, com alto grau de acurácia. O hemograma em geral apresenta-se infeccioso e a proteína C reativa encontra-se elevada. A colonoscopia está contra-indicada na fase aguda pelo risco de perfuração ou desbloqueio de possível abscesso. Os diagnósticos diferenciais mais frequentes são a apendicite aguda, a infecção urinária ou pélvica, a torção de cisto de ovário, a gravidez ectópica e a apendagite.

Moléstia diverticular hipertônica sintomática

colonoscopia pode mostrar, além dos divertículos, estenose do segmento comprometido e permite afastar a existência de câncer associado. O enema opaco com duplo contraste é eventualmente solicitado, quando se pretende avaliar deformidade e espasticidade do segmento afetado do cólon. Os diagnósticos diferenciais mais comuns são a colite isquêmica e a doença de Crohn.

Moléstia diverticular hipotônica

O exame de eleição é a colonoscopia, que permite identificar a região de sangramento, mas raramente o divertículo sangrante. O diagnóstico diferencial mais importante é o de angiodisplasia, que é uma malformação vascular na mucosa do cólon; esse exame permite, também, afastar o diagnóstico de câncer.

TRATAMENTO

Moléstia diverticular sintomática

O tratamento é clínico e consiste em dieta rica em fibras e, se necessário, adicionam-se suplementos de fibras vegetais. No caso de muito desconforto, pode-se empregar anti-espasmódicos. Nos casos onde não ocorre melhora, a ponto de se prejudicar a qualidade de vida, pode-se indicar a cirurgia, que consiste na ressecção do segmento do cólon afetado.

Diverticulite aguda não complicada

O tratamento de eleição para a maioria dos casos é clínico e consiste no emprego de antimicrobianos (embora alguns considerem não utilizá-los em casos específicos), antiespasmódicos e dieta rica em fibras. Existe um conceito antigo de se evitar sementes, algo que não tem substrato científico. Quando o paciente tem vários episódios de repetição, algo que ocorre em cerca de 20% dos casos, pode-se ponderar a indicação de cirurgia, assim como quando o paciente é imunodeprimido.

Diverticulite aguda complicada

O tratamento depende da complicação.

Abscesso volumoso ao redor do cólon, bloqueado. A tendência é puncioná-lo orientado por tomografia, para se tentar controlar a infecção local. Eventualmente o paciente terá que ser operado posteriormente, para ressecção do segmento afetado.

Obstrução intestinal. Esta pode ocorrer por compressão do cólon decorrente de abscesso, e aí tenta-se drenar o abscesso por punção; mais frequentemente, a obstrução é consequência fechamento da luz do intestino (estenose) pelo processo inflamatório que pode ser causado pela diverticulite.

Peritonite generalizada por pus. Nessa situação, impõe-se a cirurgia de urgência, existindo algumas possibilidades técnicas: ressecção do segmento do intestino perfurado com anastomose das duas bocas de intestino no mesmo ato, com ou sem derivação do trânsito intestinal por meio de ileostomia (exteriorizar o intestino delgado no seu segmento final) ou colostomia (exteriorizar um segmento do cólon do lado direito) com o intuito de minimizar as complicações no caso de algum ponto da anastomose abrir; ressecção do segmento comprometido, com colostomia, que requer uma outra cirurgia para juntar as bocas do intestino; sutura da perfuração, lavagem do abdome para retirar o pus e drenagem da área suturada. As condutas variam de acordo com as condições do paciente e da experiência do cirurgião.

Peritonite generalizada por fezes. Nestes casos a conduta é de sempre se ressecar o segmento afetado, fazendo-se a cirurgia com colostomia ou, então, com anastomose e colostomia ou ileostomia de proteção. As condutas variam de acordo com as condições do paciente e da experiência do cirurgião.

As cirurgias podem ser feitas por laparotomia (abrindo o abdome com um corte longo) ou por laparoscopia (através de pequenos furos), sendo esta a opção preferida, em função das condições do paciente, do hospital onde ele é operado (ter os equipamentos disponíveis) e da experiência do cirurgião.

Hemorragia

Em 70 a 75% dos casos, o sangramento cessa espontaneamente, sendo necessário nos dias de observação preocupar-se com a manutenção do estado geral do paciente e, caso necessário, fazer transfusões sanguíneas. Quando a hemorragia é muito importante, a ponto de por em risco a vida do paciente, indica-se a cirurgia, que consiste na ressecção do segmento sangrante; quando esse não é identificado, o que não é raro, pode-se indicar a ressecção de todo o cólon. Conforme o caso e a experiência do cirurgião, a cirurgia pode ser realizada por laparotomia ou laparoscopia.

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Refluxo Gastroesofágico


A doença do refluxo gastroesofágico, ou simplesmente refluxo, é uma desordem da transição do esófago/estomago, de modo que o suco gástrico acido reflui para o esôfago, causando comumento a azia, queimação, tosse cronica, pigarros, dores torácicas, rouquidão e muitos outros sintomas. Apesar de ser banalizado pela maioria das pessoas, pode causar sintomas muito mais sérios como sangramentos, estenoses, e em suas formas mais graves podem ser responsáveis ate por canceres esofágicos.

Gastrites e Duodenites


Gastrites são inflamações do estomago causadas na maioria das vezes pelo meio acido estomacal. A infecção pela bactéria Helicobacter pylori, álcool e o uso de anti-inflamatórios não esteroidais são as causas mais comuns de gastrite, apesar de existirem muitas outras. Não só os alimentos processados, mas como a irregularidade alimentar e o tabagismo – típicos do nosso mundo atual, são os outros vilões da gastrite, que podem vir a se transformar em ulceras, causando inclusive hemorragias e perfuração do estomago. Tanto nas gastrites quanto nas duodenites os sintomas e causas são muito parecidos inclusive nas complicações como hemorragias e perfuração. As verminoses são causas comuns nas duodenites.

Pancreatite


Pancreatites são inflamações – agudas ou cronicas – do pâncreas (órgão que produz vários hormônios como as enzimas que digerem os alimentos e a insulina). As causas mais comuns no nosso meio são o álcool e os cálculos biliares, apesar de termos varias outras. Apesar de ser uma causa comum de internações hospitalares e ter um curso benigno para a cura, vemos com relativa frequência casos mais dramáticos que evoluem para complicações mais serias e ate o óbito.

Hepatite


Hepatites são inflamações do figado, habitualmente causadas por álcool ou pelos vírus tipo A, B ou C (lembrando que ha outros tipos de vírus). Outras causas são as hepatites autoimunes, por medicamentos, por acumulo de gordura (esteato-hepatites), agentes tóxicos externos etc. A evolução para a cura depende basicamente da causa da hepatite e do tempo que ela ficou sem tratamento, sendo que em alguns casos pode ser ate fatal. O tratamento, e claro, depende muito da causa.

Pedras na vesícula


As pedras na vesícula são muito comuns no nosso meio. Na grande maioria dos casos não ha um motivo bem esclarecido para a formação destas pedras, apesar de que em outros casos sabemos bem sua origem (por exemplo nas anemias hemolíticas). Uma boa parte dos pacientes não apresentam sintomas, mas quando isso acontece, a cirurgia e obrigatória, sendo feita por videolaparoscopia (cirurgia minimamente invasiva). As complicações das pedras na vesícula incluem ma digestão, dores abdominais, vômitos, inflamações na vesícula (as chamadas colecistites), ate mesmo a pancreatite aguda (quando a pedra sai da vesícula e impacta-se no mesmo escoamento do canal do pâncreas).

Diarreia


Extremamente comuns na população em geral, as diarreias podem ser classificadas em: agudas aquosas (que pode persistir por ate 14 dias, e perde-se muito volume de fluidos e leva-se a desidratação quando não corrigida a tempo), em disenterias (caracterizada pela presença de sangue nas fezes, que são causadas por lesões na mucosa intestinal, habitualmente pela bactéria Shigella) e as diarreias persistentes (ou cronicas) quando a diarreia aguda persiste por mais de 14 dias. Assim como na maior parte das vezes as diarreias agudas são causadas comumente por vírus e bactérias, já nas cronicas temos também as intolerâncias e alergias alimentares, parasitoses e muitas outras. Como todos sabemos, a rápida identificação do causador da diarreia pode interromper um curso maligno, que pode evoluir ate a para morte.

Síndrome do intestino irritável


A síndrome do intestino irritável (SII) e uma moléstia cada vez mais comum. São desordens que afetam de alguma maneira a motricidade intestinal, sem lesão especifica no próprio intestino. Ela pode evoluir para a forma diarreica, forma constipativa ou mesmo uma oscilação entre ambas. Não possui uma causa especifica, e possui um curso benigno, porem o efeito psicológico que recai sobre esses paciente e muito dramático, inclusive com a desinserção do convívio social destes indivíduos. O tratamento e feito geralmente com medicamentos, mudanças do habito alimentar, social e apoio psicológico.

Colites


As colites são inflamações dos intestinos. Ha vários tipos de colites, destacando-se aqui as chamadas doenças inflamatórias intestinais (colite ulcerativa e doença de Crohn), que são inflamações do intestino delgado e/ou grosso (Crohn) ou somente do intestino grosso (colite ulcerativa), sendo esta ultima a mais comum. Sao de cunho genético e possui muitos fatores deflagadores (ainda não muito bem esclarecidos), e seu tratamento depende não só de medicamentos que o Governo fornece gratuitamente, mas como também de muita disciplina por parte do paciente. Ha também as colites de causas infecciosas, metabólicas, isquêmicas etc. Claro que o tratamento destas causas são diferentes e em todas elas a evolução pode ser benigna ou mesmo fatal.

Moléstia Diverticular dos Cólons


Divertículos são pequenas falhas na parede do intestino grosso, como se formassem “depressões ou buracos numa rua”. São mais comuns na população idosa e – apesar de origem benigna – podem evoluir para complicações mais serias tais como as inflamações (as chamadas diverticulites), hemorragias ou perfurações, que podem evoluir inclusive para o óbito. A identificação da moléstia diverticular com seu devido tratamento minimiza e muito as complicações decorrentes dela.

Hemorroidas / Fissuras Anais


Hemorroidas nada mais são que veias dilatadas no canal anal. Podem complicar desde simples prurido (coceira), pequenos sangramentos, como ate mesmo a trombose e dor lancinante, sendo necessário intervenção cirúrgica de emergência. As fissuras anais são pequenos ferimentos na margem do anus, que podem ser agudos (tratados com pomadas e hábitos alimentares) como crônicos (que invariavelmente requer cirurgias). São habitualmente muito dolorosas e podem também sangrar. O tratamento tanto das hemorroidas como das fissuras podem variar na dependência da gravidade dos sintomas.

Outras Doenças Abdominais


Soluços, mau halito, gases intestinais, má digestão, parasitoses intestinais (tao comuns no Brasil), sangramentos intestinais (que podem ser de varias origens), outras inflamações (como a apendicites, abscessos e fistulas anais etc), dor abdominal cronica (sem uma causa especifica) são algumas de outras doenças que também procuramos identificar e tratar de maneira adequada os nossos pacientes. Sempre que o diagnostico e rápido e o tratamento e estabelecido, as chances de cura são muito maiores para qualquer tipo de doença.

Hérnias


As hérnias da parede abdominal são comuns, e podem ser oriundas desde a nascença (congênitas) ou ser causadas durante o curso da vida (adquiridas). Da mais comuns das congênitas, destacamos as hernia epigástricas (surgem na linha media acima da cicatriz umbilical), as umbilicais, e as inguinais. Já nas hérnias adquiridas destacamos as incisionais, causadas por falha ou rotura na cicatrização de alguma cirurgia realizada na parede abdominal. A identificação – nem sempre fácil – deve ser rápida e o tratamento cirúrgico deve ser feito assim que possível. A não realização da cirurgia em tempo hábil pode levar ao desenvolvimento de complicações como o encarceramento ou mesmo a perfuração da hernia, com consequente evolução para óbito. Atualmente, para as hernias inguinais (as mais comuns de todas), damos preferencia a cirurgia por videolaparoscopia, proporcionando ao cliente uma rápida recuperação, retorno precoce ao trabalho e com menos complicações.